Consciência Bio, ou Bio Consciência? O que é Fairtrade? - Walter Keppler
Autor do texto: Walter Keppler
Como você lê o mundo à sua volta?
Qual
sua interpretação em relação ao descrédito ocasionado pelo uso promocional da
biodiversidade?
Neste
monólogo, será interessante segmentar os preceitos que regem, por convenção, as
implicações de se autodenominar Bio, por Natureza...
É
moderno, momentâneo e oportuno para muitos ostentar o rótulo de Responsável
Social e defensor da Sustentabilidade... No entanto, pouco se vê na prática,
o exercício pleno de atitudes realmente peculiares. Tal quadro retrata um
laconismo adquirido que submete a sociedade à ausência de espírito crítico.
Seria
como comprar esquis e nunca ter neve para esquiar... ou comprar um barco e não
ter onde navegar...Interessante notar como ideias são compradas o tempo todo...
Existem,
é claro, Grandes Ideias que merecem ser acreditadas, porém, se Você
tiver Consciência do que realmente implica adotar conceitos e definições,
muitas vezes as Grandes Ideias ficarão apenas no papel e na beleza
aparente de uma atitude leal e eficaz.
Para fazer pensar, Paulo
Freire, educador brasileiro de renome, defendia como objetivo da escola,
ensinar o aluno a “ler o
mundo” à sua volta... Para poder transformá-lo!
E Rudolf Steiner,
filósofo nascido na atual Croácia, antes fronteiras do Império Austro-húngaro,
foi defensor da S e n s i b i l i d a d e...
Observe
que, tanto um como outro, partícipes de culturas e épocas distintas, demonstram
em seus escritos, afinidade com a Consciência do Saber Olhar e do Saber
Sentir.
Partindo do
pressuposto da coerência, como vemos o mundo à nossa volta ou em derredor do
nicho de existência individual?
Observemos o ciclo
de vida de uma planta num vaso qualquer...
Percebe-se
a interação de vários elementos básicos naturais: semente, terra ou
húmus, água, luz e ar...
A
seguir, a interação da planta com o meio ambiente, chamado de ecossistema...
Ora, trata-se de
matéria elementar de Ciências Naturais!
Ótimo mas, no
dia-a-dia das pessoas alguém “para e pensa”
no equilíbrio
necessário para que existam plantas, animais, recifes de corais e
pessoas...seres vivos enfim?!
Quando Você vai ao supermercado,
à mercearia, à feira livre ou do produtor, observa o produto que lhe é oferecido
para consumo?
Procura saber a
origem e os detalhes da produção?
Procura se inteirar
do destino dos produtos considerados inadequados quer seja pela validade ou
deterioração natural?
Normalmente
ouvimos os chavões da publicidade que informam aos clientes que existe uma
escolha entre o que se pode finalizar como inadequado ou que ainda pode ser
consumido por entidades assistenciais que distribuem às pessoas carentes
produtos ainda aproveitáveis...
Mas,
Você já procurou saber a eficácia dessa escolha ou o real destino dos produtos
considerados impróprios à venda ou consumo?
Já pediu para ver
como se faz a separação dos produtos perecíveis?
Nesse
aspecto entram os conceitos citados acima:
·
Fazer a leitura do mundo à sua volta
sem, entretanto, se deixar enganar por momentos específicos...
·
Não marque hora para ver o descarte de
produtos.
·
Não avise que Você irá ver. Pois
certamente irão mascarar sua visita e Você irá sair do local feliz por ter
feito sua parte no contexto da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade
Isto
vale não só para alimentos como também objetos de uso pessoal.
Será que a roupa que Você está usando agora é de procedência duvidosa?
Teriam
sido usados elementos que sinalizam trabalho escravo ou exploração de crianças
na confecção de suas roupas ou demais produtos de uso diário?
Isto é
Responsabilidade Social, sabia!?
Quanto à
Sustentabilidade, Você procura saber em quais
condições foram produzidas as diversas hortaliças que vão para sua mesa na
forma de alimentos e que, podem comprometer não só a saúde de sua família, como
também degradar o ambiente onde foram produzidas?
A carne e o peixe
que Você consome, foi ou foram devidamente tratados para estarem à sua
disposição e realmente produzir a energia que Você precisa para seu organismo?
O dono do
restaurante, lanchonete, ou bar que Você frequenta tem essa visão de mundo
quando lhe oferece um cardápio para consumo?
Dizem que a beleza da
apresentação de um prato o torna saudável, pois o olhar e o olfato nos levam a
querer consumi-lo de imediato...
Quanto mais
colorido mais agradável de saborear...
Mas
é preciso que a visão e o olfato também estejam aguçados para pressentir a
produção de tal iguaria desde sua origem.
Muito se fala em
produtos BIO... Ou seja:
A produção de alimentos
isentos de agentes químicos.
Essa é matéria do
ensino fundamental, mas quem se lembra do assunto na hora de comprar alimentos?
Seguindo
conceitos atuais, na Europa, por exemplo, o termo BIO abrange produtos
vegetais (transformados ou não), plantas espontâneas, algas marinhas, alimentos
para animais, produtos animais, apicultura e aquicultura.
Para ser considerado
um alimento biológico natural, a fruta, por exemplo, deve estar bichada ou com
aspecto rústico?
É
o que muitos pensam, porém, o produtor precisa estar ciente do equilíbrio do
solo e não será necessário mascarar o produto como muitos fazem para que pareça saudável...
E no Brasil, como
este assunto é tratado?
Existem institutos
certificadores de qualidade realmente comprometidos com a realidade?
Claro
que, na Europa também devem existir empresas especializadas em certificar
mas, o principal certificado será aquele que o consumidor irá definir: a
fiscalização e exigência da qualidade no dia-a-dia e no exercício do direito de
ver e constatar atitudes proativas e específicas de preservação da qualidade
natural, inclusive do descarte e destinação dos impróprios para consumo.
O que podemos
depreender nesse contexto, é a ausência, ainda, de visão de mundo... Vamos
pensar sobre este assunto?
Do
ponto de vista consumidor e não como analista de mercado varejista, vejo que no
centro-europeu consomem-se produtos considerados BIO oriundos de vários países
dos mais diversos continentes...
Compro
bananas importadas do Peru, Colômbia e Equador...
Carne e Pipoca
vindas da Argentina...
Açúcar mascavo da
Colômbia... Melancia ou abacaxi produzidos em El Salvador ou Porto Rico...Café da África...
Arroz Vietnamita,
Kiwi da Austrália, Malásia ou Nova Zelândia,
Maracujá
produzido na América Central...
Onde estão os produtos do Brasil?
... Nas gôndolas das mercearias asiáticas ou turcas que
importam produtos industrializados que os brasileiros estão acostumados a
consumir quando estão no Brasil!
...
Biscoitos,
refrigerantes, alguns enlatados... Destinados aos próprios brasileiros que
circulam ou moram na Europa...
A
bem da verdade, café brasileiro, às vezes aparece nas prateleiras de alguns
supermercados, mas não é comum...
O
Brasil merece ser reconhecido como grande produtor mundial de grãos e produtos
agrícolas em geral que podem ser sim consumidos mundo afora, desde que haja
visão comercial, estratégia e cobrança por parte do próprio brasileiro quanto à
qualidade e procedência confiáveis.
Você já ouviu falar no movimento social denominado Fairtrade?
Trata-se
de uma modalidade de comércio internacional que visa buscar equilíbrio entre
cadeias produtivas e consumidores que primam pela ética.
Pesquise
mais sobre o assunto e procure se inteirar dessa forma inteligente de ler o
mundo... Você vai se surpreender com a experiência!
Agradeço
sua atenção para com esse texto e até uma próxima oportunidade...
Espero ter
contribuído de alguma forma com a força motivacional que existe dentro de Você.
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Pense nisso...Tenha Coragem e Seja Feliz!
Walter Keppler
Salzburg-AT, 16.10.2020
Instagram: @umarazaoamais | @walterkeppler2020
*Direitos da imagem de capa Dom Toital
Excelente artigo!
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