Escritores NÃO são perfeitos - (Victor Garcia Preto)

Autor do texto - Victor Garcia Preto  

Esse é um texto que se originou de algumas reflexões internas. Pois creio que quando transcrevo ao papel minhas ideias, opiniões, reflexões e sentimentos, corro o risco de transmitir ao leitor uma figura idealizada, o qual sempre é sensato, erra pouco e tem percepção fluente do mundo. Não é uma regra que se aplica a todas as situações. Muito pelo contrário.


No dia a dia, escritores vivem como pessoas comuns. Não há observações e poesias o tempo todo; pelo contrário, tendemos a usar a árdua realidade - compartilhada com qualquer ser humano - e transformar em palavras - algumas vezes belas; em outras, nem tanto.


Minha rotina possuí seus percalços. Embora atualmente seja um profissional da literatura, esta não é minha única atividade. Moro relativamente próximo ao local onde trabalho e por isso vou e retorno do meu trabalho a pé. É um interessante, pois faço atividade física e não preciso dispor de um veículo para usá-lo. E nesse momento de pandemia, é comum observar algumas situações, cruzar frequentemente com pessoas, que por motivos diferentes caminham pelo local e eventualmente nos cruzamos.


Nesse período, é nítido que o psicológico de todos está afetado com a situação pandêmica. Creio encarar de modo razoável a maior parte do tempo, mas todos estamos sujeitos a preocupações e medos, por todo o contexto momentâneo.


Você está preocupado com sua família, seus amigos e consigo mesmo. Usa máscara, procura se higienizar, usar álcool em gel, não se aglomerar. Estou há muito tempo sem ver minha sobrinha, por exemplo. No entanto, como todo mundo, precisa continuar a vida, dentro do possível. Vou a pé para o trabalho por escolha e por achar o melhor método, e creio ser normal esperar dos próximos que, assim como eu, que convivem em sociedade, mantenham o mesmo respeito. Dizer que se não quero cruzar com pessoas que não usam máscara ou não aglomeram é o mesmo que alguém te fechar no trânsito e justificar dizendo que se você não quer sofrer esse tipo de situação não deve dirigir.


Quando, por mais de um ano, vejo pessoas cruzando comigo praticamente todos os dias, sem usar máscara e muitas vezes inclusive dificultando que eu passe em um espaço considerável, me sinto sim, desrespeitado. A maior parte das pessoas possuem justificativas. Nenhuma - ou praticamente nenhuma - convincente.


Transitar todos os dias, demonstrando falta de respeito. Não se trata de andar sem máscara e colocá-la quando alguém se aproxima, mas simplesmente não usá-la. A impressão é que sau de casa sem nenhuma no bolso ou mochila.


Você cruza passarela, todos os dias na ida e na volta, muitas vezes anda na rua, para evitar cruzar com alguém na calçada, tenta manter a calma, mas a frequência com que um número considerável de pessoas demonstra esse desrespeito vai desgastando, como uma dor que não é insuportável imediatamente, porém, que aos poucos, pela duração em que lateja, vai gradativamente se tornando insuportável ou próximo a isso.


Algumas parecem ter prazer em demonstrar desrespeito. E nem mencionando aqueles que além de não usarem máscara, atravessam rua na sua direção, apenas para obrigá-lo a desviar.


Esperar que um ser humano seja sempre tranquilo nessa situação é muito difícil. Não são cenas que se repetiram eventualmente. Acontecem praticamente todos os dias, ou todos os dias, alternando algumas figuras, durante um período superior a doze meses.


Alguém poderá presenciar atitudes que aparentemente não condizem com o versos, parágrafos, contos e romances que escrevo. A verdade é que quando se sente desrespeitado, é difícil respirar poesia o tempo todo. Até porque, as palavras também são expressões de sentimentos negativos. Não é questão de ser desejado ou escolha, é um fato.


Você observa seu vizinho pregar o isolamento nas redes sociais, mas fazer festa. Defender o uso de máscara, mas todo o dia ter a infelicidade de cruzar com ele, saindo de casa sem máscara, bem no momento em que está chegando do serviço. O detalhe é que não importa o horário que chega, sempre é o mesmo em que irá cruzar com ele, comprovando sua hipocrisia.


Cruza com pessoas que o tempo todo discursam uma ideia e executam outra. Aos poucos tudo torna-se cansativo.


A grande questão está se eu, outro escritor, ou qualquer pessoa, independentemente de sua profissão ou outra característica, é capaz de tomar a decisão mais assertiva na maior parte das ocasiões. É difícil precisar. Principalmente as minhas, em particular.


Se pesquisarmos sobre a vida, obra e peculiaridades, encontraremos asteriscos nas biografias examinadas. Sejam por acusações - verdadeiras ou não - ou por relatos de atitudes insensatas. Haverá questionamentos, falhas, atitudes questionáveis, nos geniais aos comuns, dos famosos aos menos conhecidos. É possível, que como em toda a área, haja aqueles hipócritas e demagogos, que não vivem o que pregam. Acredito que a maioria simplesmente é suscetível a falhas e imperfeições, como acontece com qualquer ser humano.
Há dias com dor de cabeça, dor de garganta, desanimo, irritação, assuntos mal resolvidos, situações que tiram a tranquilidade. Nenhum formador de opinião está isento e imune a esses problemas.


O problema é que em alguém pode idealizar uma figura. Seja escritor, poeta, desenhista, escultor, quadrinista, músico, ator. Esse é o erro. Todos estamos sujeitos a falhas, e em alguns momentos, inúmeras.
Os erros de seus autores não diminuem seus textos. As criações, os registros, os enredos são válidos. As obras merecem os créditos, os autores, respeito, mas é perigoso idealizá-los, e me incluo, obviamente.
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Sobre o Autor: 
Victor Garcia Preto   
Formado em Ciências Contábeis. 29 anos, Resido Ribeirão Preto.  Tenho um perfil de textos no Instagram: @textosinceros. Segue lá.

              

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