Me haver comigo mesmo.


Oi. 
Gostaria de conversar. 
Comigo. 
Talvez essa seja a hora mais oportuna para atravessar o espelho adentro.
Talvez eu imoderadamente cogite rasgar, cortar essa cortina tênue entre mim e eu. 
É tão difícil assim acessar a mim? 
Me haver comigo.
Eu comigo mesmo.

Não posso dizer que é fácil. Não é simples. Pode exatamente constranger tanto quanto o pudor de se estar totalmente nu. Seria o receio de me afogar?
Talvez seja o momento no qual eu cobiço sentir qual textura tem minha voz e minhas palavras, o cheiro do meu olhar, do me próprio toque; pois, vez ou outra, se faz necessário provar da nossa própria comida apenas para – quem sabe – constatar nossa súbita surpresa. 
Sim, talvez seja a hora de suportar o peso da pressão apenas para resgatar o que caiu do navio.
Pressagio este momento há milhares, talvez centenas de milhares de voltas que o mundo já deu; a contar do instante em que o pudor rispidamente cortinou-nos, sem intensão alguma de retirá-la futuramente.
Mas, esta é a hora.
Gostaria de conversar.
Comigo. 
Gostaria de me ver, me ouvir; relutando para não perder o fôlego. 
Permitiria eu tamanha ousadia, contudo?




Sobre o Autor: 
Leone Da Costa   
24 anos. Professor. Idealizador do blog Papicher. Leonino.  De tudo que tenho na minha vida; viajar, aprender e livros são minhas paixões! Mais do que isso, poder compartilhar tudo o que eu tenho aprendido até aqui. Apaixonado pela vida., I make myself .

             




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