[Opinião] Precisamos falar de Neymar - Victor Garcia Preto




Sobre o Autor: 
Victor Garcia Preto   
Formado em Ciências Contábeis. 29 anos, Resido Ribeirão Preto.  Tenho um perfil de textos no Instagram: @textosinceros. Segue lá.

              


Precisamos falar de Neymar

Esse não é um texto especificamente sobre futebol. 
Não queria escrever sobre o tema, mas alguns fatos me fizeram. O importante não é analisar o esporte, o atleta, mas ao que sua figura representa e como a reação que as pessoas têm a ele, e usar como exemplo para os mais diversos assuntos. O atleta e o meio que o cerca, é capaz de causar grandes discussões filosóficas sobre a humanidade. Não afirmo que serei capaz de atingir tal grau de profundidade nesse texto, mas espero conseguir iniciar minimamente uma pauta de reflexão, como sempre proponho nos meus escritos. 
É inegável que Neymar é uma figura de impacto. Todos comentam sobre ele; para o bem, para o mal. A famosa frase "Ame-o ou odeio-o" se encaixa perfeitamente com o rapaz. Procuro estar em meio termo. Nem o amo, nem odeio. Trago aqui argumentos, reflexões, propor - espero ter capacidade de conseguir - fugir do lugar comum. Entender que precisamos fugir de impressões superficiais.
Não sou especialista em futebol - embora tenha uma obra publicada com o tema -, apenas alguém que acompanha o esporte, e procura usar argumentos para sustentar seu ponto de vista e espero usar a temática para expandir discussões em demais assuntos. 
Neymar surge no Santos F.C, ganhando maior destaque a partir de 2009. Naquele momento era visto como um menino, jovem atleta, com muita habilidade e um futuro promissor. Período em que havia claro declínio dos grandes jogadores da geração do penta (penta campeonato em 2002). Alguns aposentados, outros, em curva descendente, naturalmente com o tempo. Craques como Ronaldo Fenômeno (para mim, o melhor brasileiro que eu vi jogar), Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Roberto Carlos, embora atuassem e posteriormente tivessem momentos relevantes na carreira, não estavam mais no auge. No mesmo momento, não havia atletas de outras modalidades com grande destaque midiático. Observe, não estou dizendo que não havia atletas com grandes trabalhos e realizações no período, mas nenhum (a) com grande notoriedade popular. 
Dessa forma, havia grande carência. Da mídia por uma figura que rendesse audiência e repercussão e da sociedade em geral por uma referência no esporte.
Outro ponto está no clube em que Neymar foi revelado e atuava na época: O Santos F.C.
O Santos F.C é um dos maiores clubes do país, e merece respeito. O que mencionarei nas linhas abaixo não é de alguma maneira tentativa de desmerecer a equipe da cidade litorânea, e espero que com boa vontade, entendam meus argumentos.
Dos grandes clubes do estado, é justamente o Santos com menor índice de rejeição pelos rivais, o mais tolerado (com exceções de alguns momentos específicos ao longo da história). 
Há vários motivos para isso. Creio que um deles é ser o clube que revelou e consagrou Pelé. Nos anos 60 o time do Santos, possuía muitos craques, não apenas o maior jogador da história do futebol. É considerado por muitos especialistas o melhor time brasileiro de todos os tempos, com hegemonia de títulos estaduais, nacionais e troféus continentais e mundiais. 
Desde então, o clube criou no imaginário popular uma equipe que tem uma forma de jogar envolvente, plástica, e com identificação ao que se considera o estilo de jogo característico do futebol brasileiro.
Revelou grandes jogadores e gerações que de alguma forma encantaram pelo modo de jogar, como o período em que surgiram na equipe da baixada santista Robinho e Diego. 
Por ser um clube oriundo do litoral - embora tenha torcida muito forte na capital - em alguns momentos não está em alguns aspectos da provocação do chamado trio de ferro (São Paulo, Palmeiras e Corinthians), os três grandes clubes, da cidade paulistana. Somando-se ao fato de ser a menor torcida entre os quatro grandes do estado. 
Reintegro que não uso esses fatos para diminuir a equipe. Apenas para uma constatação que me parece óbvia. Há menor rejeição com a equipe litorânea com relação aos seus grandes rivais da capital.
Algumas atitudes de Neymar no começo da carreira causaram menor grau de críticas do que aconteceria se ele jogassem em um rival. Se fosse um jogador do São Paulo, Corinthians ou Palmeiras, tendo a mesma qualidade técnica e atitudes no início de carreira em jogos contra rivais, a intolerância com sua postura seria muito maior. 
Pela já mencionada necessidade de um ídolo, Neymar ganhou repercussão que não necessariamente teria se surgisse em outro período histórico. 
Em 2010, ao lado de jogadores com Paulo Henrique Ganso, ele fez parte de uma equipe vitoriosa, onde sua popularidade e reconhecimento como atleta exponencial
É inegável que havia diferencial técnico nele. Pela forma e conteúdo. Seu estilo, com dribles e jogadas envolventes, diferente do muitos jogadores brasileiros tinham capacidade de fazer, ampliavam a admiração e relevância ao garoto. 
Conquistou títulos importantes no Santos e na seleção brasileira. Gerando expectativa muito alta, e principalmente na seleção brasileira, nem sempre poderia corresponder. Não necessariamente por sua culpa, mas por jogar em equipe em transição e que nem sempre conseguia atingir a melhor pré-formasse. 
Em 2011, antes da Copa América, quando ele tinha apenas dezenove anos, jornalistas escreveram que ele seria o melhor da história depois de Pelé e Maradona, e uma revista teve uma capa com ele sentado no trono de rei. 
O exagero peculiar do ser humano foi evidenciado e destacado em sua figura pública. 
Quando os resultados apareciam, era glorificado, e também criticado em exageros em momentos em que os resultados não satisfaziam. A passionalidade com relação a sua figura ganhou intensificação que nunca vi antes em um atleta. Inclusive a relação atualmente que parte das pessoas tem com ele é absolutamente ridícula, e explicarei ao longo da explanação.
A capacidade de transformar a figura de Neymar de vilão a herói e vice-versa é incrível. Somando-se capacidade de criar sentimentos extremos sobre ele. Dificilmente encontra-se alguém que tenha uma opinião moderada e racional no assunto. Nem sempre está certo, e tão pouco tudo que faz está errado.
Quando foi contrato pelo PSG, se criou uma atenção ainda mais amplificada, e se deu ao rapaz status desproporcional. Foi o momento em que ele gerou maior antipatia, e concordo que naquele momento, teve atitudes que corresponderam a essa reação das pessoas em geral. Atualmente, quando escrevo esse conjunto de ideias, ele tem um grau muito menor de antipatia com relação aquela época, e também teve méritos em reduzir essa rejeição. 
Minha intensão é tentar chegar a um denominador comum, sem enxergar apenas defeitos, ou apenas qualidades. Se você tem uma opinião muito extrema com ele, não é o problema. Minha intensão não é mudar o que alguém pensa, mas expor outras vertentes e fazer o leitor compreender que existe várias formas de enxergar o caso e como consequência, os mais diversos assuntos. Precisamos refletir, questionar e debater qualquer verdade estabelecida. 
Há muitos pontos em questão, e o principal: análises contaminadas. Em geral, o repúdio a figura pública prejudica a análise de muitos quanto ao atleta. Há também casos de que a admiração a figura pública romantiza ações do atleta, e eventualmente transforma em virtude características que tendem a ser negativas. Essa passionalidade ocorre em diversas situações envolvendo figuras públicas e mesmo pessoas no anonimato. Em todos os meios. Se analisa muito mais a embalagem do que o conteúdo.
É fato que Neymar também é o símbolo de mais de uma geração (e me incluo, juntamente com essa geração nesse pacote), que se tornou mimada, que procura menos responsabilidade. O momento da ostentação, do termo "meter a mala". Neymar é uma figura que busca vils, likes, curtidas. Procura engajamento. Todos os seus passos repercutem. É uma atração a parte nas redes sociais. Não é o único a ostentar vida de privilégios. Com essa postura gera muitos seguidores, admiradores, pessoas que desejam ter a sua vida e por isso tentam, de alguma maneira, se espelhar nele. 
O jogador de futebol atraí atenções por onde passa. Seja pelo que fez em campo, pelo que publicou em uma rede social, pela mudança no corte de cabelo, nova namorada, música que dançou. Existe um número considerável de pessoas no spotty fy que seguem a playlist do jogador. Em outras palavras, ouvem o que seu ídolo ouve. Gostam das músicas que ele gostam.
Com tamanha exposição e repercussão, é alvo de muitas críticas e também elogios. Recebe o ônus e o bônus, e com tanto engajamento, é fato, que colecionou declarações infelizes e/ou questionáveis ao longo desses últimos anos. Seja em publicações nas redes socais ou em entrevistas. 
Não concordo com muitas posturas do futebolista. Porém, tendo não ser extremo na análise. Há exageros nos que o tietam e principalmente em sua relação midiática, o que não necessariamente ele vê como um problema, já que ganha dinheiro com as redes sociais e sua exposição. É sem dúvida um fenômeno de marketing.
Mas a grande pergunta está em: Seria ele o problema ou apenas uma consequência?
Provavelmente se Neymar perder totalmente a relevância, as mesmas pessoas passarão a seguir outros influenciadores. O vejo como carrasco e vítima, simultaneamente, da situação. Não ameniza o problema, mas não é a grande causa dele.
É possível que grandes celebridades com repercussão no passado, seriam parecidos com ele se estivessem na mesma época.
Claro que existe o argumento de que grandes atletas da atualidade, com grande influência, como Messi e Cristiano Ronaldo, não possuem a postura tão expositiva quanto Neymar. É verdade. Não deixa de ser um ponto positivo para eles. Mas cada indivíduo possuí suas características e sua história. 
Muitos que hoje o criticam, contribuíram de alguma maneira que ele se tornasse o que se tornou. Seja com profissional do esporte ou o que representa como figura pública, que obviamente, vai muito além do atleta.
Outros atletas, como várias figuras da NBA, por exemplo, também são celebridades com engajamento muito além do que se refere a figura como atleta. Nos anos 60, o irlandês George Best, que atuava por um clube inglês, era uma celebridade, e inclusive foi apelidado na época de 'O Quinto Beatle'. Neymar não é o primeiro. Tão pouco será o último atleta a ser visto como um "popstar".
Em muitos momentos, figuras públicas e o público em geral passaram pano para os erros. Em outros, críticas acentuadas, nem todas injustiças. 
Por ser uma figura emblemática, com muita habilidade, e postura questionável em muitos momentos, muitos o julgam ser o símbolo de tudo que se abomina em um atleta. Não estou aqui como seu advogado, mas apesar de erros e defeitos, Neymar não é o pior dos atletas. Se dedica razoavelmente aos treinos e comprometimento ao jogo. Se não fizesse, no que exige o futebol atual, não conseguiria jogar em alto nível com tanta regularidade. Também é fato que muitas de suas posturas são questionáveis. É possível que alguns excesso que comete em seus momentos de lazer, a longo prazo, prejudiquem seu desempenho, ou encurtem, ainda que minimamente a longevidade de sua carreira em alto nível de performance. É questionável que algumas atitudes possam dificultar recuperações de lesões ou até mesmo facilitar seus surgimentos. No entanto, se trata apenas de uma hipótese. Não se pode afirmar nada. 
Nesse caso, concordo, que várias posturas contribuem para arranhar sua imagem, como desfilar no carnaval quando está com o pé machucado. 
Se um advogado fizesse seria menos prejudicial, mas um atleta, com a relevância de Neymar, torna a situação mais complicada. 
Há muitas críticas ao seu extracampo. Insinuações de fingimento de choro durante entrevistas ou espaços públicos com a tentativa de comover o público. Não entrarei nessa seara. Analise por conta se há fingimento ou não em choros do jogador. As imagens são acessíveis pela internet. 
Outra crítica está no fato de suas respostas serem vazias e sem conteúdo. Acredito que Neymar muitas vezes não contribui como deveria em muitas questões. Poderia sim ter posturas diferentes em inúmeras situações. Mas não necessariamente um suposto engajamento o faria alguém com posições de mais conteúdo. Há muitas celebridades e subcelebridades que apenas repetem frases feitas, lugares comuns. Parecem engajadas, mas não são. Muitos que se manifestam por mais diversas causas não possuem mais conteúdo que Neymar. Outra questão é que mesmo concordando que sua postura em inúmeras questões poderia ser diferente, muitos esperam que ele se posicione de uma maneira que vá de acordo com a visão de mundo dessas mesmas pessoas. Em outras palavras, não querem ouvir a opinião do jogador, e sim que ele repita frases e chavões que a própria pessoa espera. 
Nesse sentido, Neymar não costuma se manifestar sobre assuntos que não tem alto grau de conhecimento, o que o faz nesse aspecto, dizer menos besteira, ofender menos pessoas, e arranhar menos sua imagem do que boa parte de famosos de sua faixa etária.
O corte de uma entrevista do comentarista Caio Ribeiro, aponta outro ponto de vista. Está o link, caso se interesse pela opinião dele (https://www.youtube.com/watch?v=dAPJgMyBlkA). 
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Há bajulação em excesso a sua figura, o que não aprovo. Mas também há o grupo que o critica em excesso. Nenhum dos extremos é bom, e nenhum de fato contribui para uma melhora de sua figura. Os que apenas jogam pedras, e o que passam a mão em sua cabeça para tudo. Os dois lados pesam igualmente uma balança que o mantém na mesma posição. Quando um lado puxa com mais intensidade a corda, o outro com resposta puxa para o outro lado. 
Em 2018, durante a Copa do Mundo da Rússia, o atleta cometeu vários erros. Mereceu críticas. Mas em algum momento, muitas pessoas, não necessariamente ligadas ao esporte, se aproveitaram disso e "surfaram na onda de criticá-lo" para ganhar atenção. 
Sua resposta a situação, em uma propaganda de uma marca que o patrocina, pouco tempo após o encerramento do evento esportivo, foi patética. Os que compartilharam o vídeo com resposta as críticas não entenderam o quão infeliz foi a declaração. Demonstrando ou abrindo interpretação para entender de que ele não mudaria, e que todos teriam que aceitar do seu jeito, sem a menor preocupação em melhorar. Foi possivelmente o pior momento de sua imagem. Um período em que cometeu muitos erros. Parte pode ser de responsabilidade de seus estafes. O que pouco importa, pois a imagem prejudicada sempre será a dele.
As atitudes do jogador brasileiro, seja pelas declarações, pelo extracampo ou mesmo por algumas atitudes e simulações dentro de campo, ficou a impressão de que seu desempenho com jogador na copa foi pior do que realmente foi. Mas também há momentos na carreira, em que os holofotes potencializaram positivamente, ampliando seus feitos dentro de campo. Sempre foi uma faca de dois gumes.  
Neymar não será nem a solução de todos os problemas e nem a causa de todos. É apenas um individuo, um atleta acima da média, com muita habilidade, mas que não deve ser visto como um Super Herói ou Super Vilão.
É possível que a relação das pessoas em geral diga muito sobre elas. Não comento com a tentativa de criticar ninguém, mas cabe reflexão. Comentei anteriormente que a relação de parte da torcida com o jogador é ridícula. Inclusive tenho amigos que se enquadram nesse grupo. Os pertencentes a esse grupo, de modo geral, possuem uma reação nada racional com o atleta, mudando na água pro vinho em muito pouco tempo. Nos momentos de maior tensão do jogador com a mídia, dizem "odiá-lo", criticar tudo que faz. Em pouco tempo, compram camisas com seu nome escrito, passam a chamá-lo de "Menino Ney", ou "Adulto Ney", ou até mesmo frases comuns de fãs, como "O Pai tá on" e outras similares. O repúdio e a bajulação seguem um padrão da moda, não fazem sentido, porque não mostram uma linha coerente de opinião. Essa instabilidade com relação ao jogador também não contribui em nada. Expõe críticas em excesso nos momentos ruins, e exageros em demasia nos bons momentos. Tornam-se fantoches da emoção.
Não se sinta ofendido caso se sinta parte desse grupo. Tão pouco estou generalizando.
É verdade que muitos não se importam com Neymar em campo ou de sua carreira atlética. Querem acompanhar sua vida, seu status. O símbolo da ostentação. Concordo que se trata de uma situação complicada. Muitas vezes criam milhões de pessoas que desejam vida de luxo, sem se qualificarem para conseguir objetivos. Há o lado ruim, no exibicionismo do jogador, como também no fascínio que parte dos seus seguidores tem por ele.  
Outro aspecto que gera muitas ressalvas é o fato de considerá-lo mimado. Por um lado, as grandes figuras públicas - do meio esportivo ou não - são mimadas no sentido de receberem tratamento diferenciado, seja por seus estafes ou outras pessoas que o cercam. O problema é que esses mimos ganham maior intensidade e maior projeção com ele. A figura do pai é excessivamente presente e sempre se manifesta toda vez ou quase toda vez que o filho é criticado. 
O perfil dele e do pai se misturam em alguns momentos. Para o bem ou para mal. E a imagem do atleta é claramente desgastada por muitas posturas do seu pai. Discussões desnecessárias com figuras da imprensa, respostas desnecessárias em suas redes sociais entre outras. Entendo muitos não concordarem com isso, e até mesmo o fato criar antipatia. Contudo, também, há exageros, ou motivos errados. O posicionamento político de Neymar e principalmente de seu pai, não podem ser arma para as críticas como atleta e o que o envolvem. Independentemente de concordar ou não, é errôneo críticas e elogios se embasarem na simpatia ou antipatia por opiniões, seja na questão política ou em outras. Salvo em situações em que por qualquer motivo se torna pertinente.
Desavenças de opinião, erros, e vários outros elementos mencionados, contribuem com críticas em excessos ou passionais. Há parte dos críticos - não citando nomes e tão pouco generalizando - que possuem em algum grau inveja, seja pela fama, salário ou outras mordomias que justamente ou não, de Neymar. 
Isso não justifica seus erros, o fato de ser mimado, suas declarações infelizes, entre outros. Mas críticas desproporcionais ou como pano de fundo por implicâncias pessoais, também estão incorretas.
Particularmente discuto bastante o argumento que que não se deve falar do extracampo de jogadores, principalmente no caso de Neymar. Por vários motivos. Se ele e os que cuidam de sua imagem fomentam atividades e fatos extracampo, inclusive se beneficiando disso, é natural que surja debates relacionados a tudo, e o bônus e ônus dessa escolha. Outro motivo, é que é possível discutir se determinadas ações não relacionadas com futebol interferem ou não em seu desempenho. Por exemplo, aparecer no carnaval forçando movimentos enquanto está contundido, pode - não estou afirmando, pois não sou especialista na área - prejudicar ou alongar seu processo de recuperação ou até mesmo facilitar novas lesões. Preocupação excessiva com corte de cabelo possivelmente prejudica seu foco de determinado jogo ou campeonato. 
Muitas vezes, algumas críticas não são meramente implicância ou perseguição, tornam-se pertinentes dentro de uma determinada situação. É também conveniente a ele e aos que desejam defendê-lo, dizer que as críticas devem se restringir a dentro de campo.
No entanto, como em vários aspectos, falta ponderação. As críticas, independentemente do assunto, precisam ser fundamentadas, não apenas por implicância, inveja ou qualquer outro adjetivo. Não pode ser transformar em uma simples perseguição.
Muito se critica o atleta em questão pelo seu individualismo. Não é uma crítica sem fundamento. Em muitos momentos durante a carreira demonstrou esse comportamento, ou no mínimo, ficou essa impressão para maior parte dos que assistem a partida. É complicado precisar a questão. Em alguns momentos é possível que esse individualismo seja consequência de uma equipe que não esteja funcionando individualmente e/ou que tenha companheiros que não consigam executar a melhor jogada coletiva com ele. Outra possibilidade está na própria formação do atleta. O Brasil possuí suas limitações na estrutura para formar jogadores. Em boa parte dos casos não consegue aprimorar da melhor maneira os adolescentes que pleiteiam se profissionalizar. Messi, por exemplo, saiu de sua cidade natal na Argentina e foi para o clube do Barcelona aos treze anos de idade. A formação coletiva da equipe catalã estruturou o atleta argentino para desenvolver alto grau de coletividade, unindo seu talento individual com a capacidade de desenvolver o jogo coletivo.
Não que Neymar não possua esse talento em menor escala. Seu individualismo é associado ao egoísmo, egocentrismo e arrogância. É possível que esses elementos estejam presentes em alguma escala, contudo, afirmar que Neymar em toda a sua carreira sempre foi um atleta egoísta/individualista, é um pouco raso. 
Basta analisar seus números durante a carreira. 
Segundo o site "transfermarkt", acessado no dia 20 de outubro de 2021, somando jogos por clube, em todas as competições, Neymar na temporada 2020/2021 fez trinta e um jogos, com 17 gols e 11 assistências. O que é considerável uma proporção interessante de assistências com relação a gols, e média que passa longe se ser ruim de assistências/jogos, principalmente para um jogador associado - talvez de forma errônea - muito mais a finalização de jogadas do que sua construção. 
Na melhor campanha do PSG em sua história na Liga dos Campeões, chegando à final, o brasileiro jogou sete vezes pela competição, com três gols e quatro assistências. Sendo um gol e duas assistências na fase de mata-mata. Ou seja, o atleta foi mais importante para seu clube assistindo seus companheiros do que fazendo gols. 
Durante toda a carreira, considerando o mesmo site, e não apurando jogos de campeonato paulista e pela seleção, foram 443 jogos, 263 gols e 165 assistências. O que se conclui que o jogador também é muito efetivo em assistências. Em outras palavras, sendo coletivo, servindo seus companheiros.
Lendo as linhas acima, você pode interpretar que esses dados não são suficientes para descontruir a ideia da postura individualista. Mas se tiver interesse, assista a final das Olímpiadas de 2016 e observe a quantidade de vezes em que Neymar buscou o trabalho coletivo deixando companheiros na cara do gol. 
Não estou dizendo que não há fundamento nas críticas, mas talvez seja unilateral e generalizado. 
Com exceção de um desentendimento, quando chegou no PSG, não há relatos de problemas do brasileiro com companheiros de equipe. Pelo que se tem informação é alguém bom de grupo, principalmente com atletas de alto nível, como Messi, onde poderia acontecer duelo de egos.
Há alguns desentendimentos com treinadores, mas é difícil afirmar o quão ele pode ser complicado para os treinadores. Não há nenhuma informação de problemas do atleta com nenhum treinador da seleção brasileira, e com alguns treinadores que o treinaram por muito tempo, como Luís Henrique, seu treinador por várias temporadas no Barcelona. Muricy Ramalho, o qual foi seu treinador no Santos F.C, sempre rasgas elogios a ele, basta pesquisar na internet qualquer entrevista do ex. treinador falando do atleta. 
Nos seus desentendimentos, com Dorival Júnior, que também envolveu Renê Simões, embora acredite que ele esteja errado, fica em sua defesa o fato de ser muito jovem e inexperiente na época, tendo aprendido com parte dos erros. Em outros momentos, principalmente entre 2017 e início de 2019, ele estava com o ego inflamado, com bajulação superior a média que sempre o acompanhou e parecia ser indomável, sem aceitar hierarquia e não ouvir ninguém. Mas de fato, não se teve fatos concretos de atritos com o grupo e treinadores. Como já mencionado, a exceção foram seus públicos desentendimentos com Cavanni. 
É óbvio que existem fatos que não são divulgados, mas é impossível trabalhar com hipóteses de questões de que não se há de fato nenhuma evidência. É possível que alguns companheiros ou membros de comissão técnica tenham seus pesares com relação ao atleta, mas nesse sentido, qualquer figura que tenha destaque pode gerar essas reações. Considerando a possibilidade dessas ocorrências, pois como mencionado, não há fatos concretos para tais hipóteses. 
Há sem dúvidas excessos do jogador. Comportamentos questionáveis, e se tornou símbolo de questões que não necessariamente positivas. Mas também não pode ser questionado e julgado por tudo. Sem dúvidas, muitos dos que o criticam tomariam as mesmas atitudes se estivessem no seu lugar. Na mesma época e condições. Embora seja questionável posturas do atleta, envolvimentos em situações polêmicas, festas, baladas, viagens caras e outros, nem tudo deve ser demonizado, e grande parte dos críticos não são um grupo de puritanos com atitudes exemplares o tempo todo, principalmente na juventude.
Esperar que um rapaz de vinte e poucos anos, com privilégios, não procure se divertir e não usufrua de sua condição privilegiada, é no mínimo ingênuo. Talvez no lugar dele, não cometeria boa parte dos erros, mas em alguns aspectos, possivelmente faria até pior.
Há também o componente da demagogia, em partes das críticas feitas e em uma parcela dos críticos. 
Para diminui-lo, há uma lista de jogadores, atuais ou de outras gerações, considerando-os melhores que o atleta que atualmente joga no PSG. Não considero Neymar o melhor e/ou maior jogador brasileiro que vi jogar, mas é preciso entender que poucos jogadores tem os recursos, eficácias e constância dele durante a carreira. É diferente gostar ou não do personagem, persona, pessoa do Neymar (embora, esta, só se possa conhecer o que expõe publicamente), do que diminui-lo como atleta. Ouço pessoas mencionarem uma série de bons jogadores, porém, comuns, que nunca estiveram entre os melhores jogadores de sua posição, sendo melhores que Neymar. A simpatia a figura pública com relação a esses atletas até pode ser maior, acreditar que essa, dentro das quatro linhas, é capaz de produzir mais, é totalmente errôneo. 
Comentários de que ele seria reserva em alguns times brasileiros, como o Flamengo, e outras comparações.
Há quem afirme que ele "não engraxaria as chuteiras" de determinados jogadores do passado. Alguns, na minha opinião, realmente estão acima dele, mas muitos não. O saudosismo e a memória vaga, sem análises mais claras e objetivas, contaminam as avaliações. Muitos jogadores habilidosos não foram na prática os craques que se idealiza no imaginário popular. 
Comentários de que Neymar é o maior jogador pós Pelé e outros exageros também prejudicam e aumentam a "necessidade" de muitos, de descontruir sua imagem. Gostando ou não do jogador, é um atleta que a quase dez anos está entre os melhores do mundo. Suas piores temporadas ainda são melhores do que ótimas temporadas de muitos atletas, mais limitados que ele, obviamente. 
Algumas comparações são descabíeis.  
Minha intensão com esse texto não simplesmente criticar ou defender a figura. Tão pouco usar seu nome para gerar engajamento. Mas creio ser importante colocar esses pontos em debate. Refletir como o comportamento é condicionado a passionalidade e a transfere para opiniões e defesas de argumentos. Seja em qualquer assunto. 
Um desentendimento, um dia de mal humor, uma pequena frase ou qualquer outra postura contamina a análise. O maior problema não está em Neymar ou qualquer outra figura pública. Está na sociedade, constituída por indivíduos, cada vez mais egoísta, mais egocêntricos, pouco sensatos. Em geral, se finge se importar com o próximo, mas no fundo ninguém se importa.
Qualquer figura pública pode ser exageradamente elogiada ou criticada. Se constrói - com parcela de responsabilidade das próprias figuras - uma imagem geralmente destorcida, com demasia de passionalidade e pouca boa vontade em racionalizar a situação. Ninguém é obrigado a gostar de Neymar, mas é preciso tomar cuidado com as injustiças. O atleta do exemplo, assim como muitos outros, ainda podem se defender (mesmo no caso dele, com geralmente seu pai o defendendo). Ainda é possível mudar os rumos de sua biografia. Mas essas análises precipitadas podem manchar a imagem dos que já se foram. E todos nós poderemos ser vítimas dessas injustiças. 
Preciso tomar cuidado para não comprar o primeiro discursos. Tomar como verdade absoluta as primeiras impressões, ou impressões superficiais e/ou contaminadas. Repetir fofocas, especulações, hipóteses e deduções. Criar um reducionismo a qualquer personalidade, fatos ou episódios. É preciso buscar analisar a conjuntura com maior profundidade. 
Se você acha que esse é um texto (apenas) sobre futebol. Creio que entendeu muito pouco da reflexão. 

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