Sobre o Autor:
Victor Garcia Preto
Formado em Ciências Contábeis. 29 anos, Resido Ribeirão Preto. Tenho um perfil de textos no Instagram: @textosinceros. Segue lá.
Formado em Ciências Contábeis. 29 anos, Resido Ribeirão Preto. Tenho um perfil de textos no Instagram: @textosinceros. Segue lá.
O Poder da escrita
Mais uma vez, venho, de alguma forma, expor minha visão sobre a importância da literatura e da comunicação e de como ela exige responsabilidade. Não é a primeira vez que escrevo sobre a maneira com que uma simples frase pode melhorar ou piorar a vida de alguém. Esclarecer ou confundir. Libertar ou aprisionar. As palavras possuem muito mais poder do que parece. E quem escreve, mesmo não parecendo ser uma figura tão relevante, também. Por esses motivos, é preciso cuidado com o que se escreve, na forma e no conteúdo.
A precipitação ao expor ideias, opiniões e sentimentos pode causar danos muito maiores do que se pensa.
Procuro gerar reflexão no que escrevo. Espero ser bem sucedido nas linhas abaixo. Não se trata de um ataque a qualquer pessoa, mas a tentativa de abrir espaço para debates, externos ou internos.
Em boa parte das situações da vida não existe uma única maneira de executar ou enxergar uma conjuntura ou contexto. E é necessário entender que dentro de qualquer fato existem muitos detalhes que podem fugir do nosso conhecimento quando não analisados com cautela.
Estabelece-se verdades absolutas, e o pior, quando escritor e/ou formador de opinião, impor - mesmo que de forma camuflada e velada - que seus leitores, seguidores e apoiadores, compartilhem dessas mesmas ideias, tratando-as como verdades absolutas, não podendo existir a possibilidade de se pensar diferente, de enxergar a perspectiva da mesma forma.
Aplaude-se quando uma obra literária ou áudio visual foge da ideia de maniqueísmo, quando há um lado bom e outro mal. É elogiável quando nessas obras mostram personagens e grupos complexos, que não necessariamente estão amarrados entre um lado e outro. Contudo, por diversos motivos, aplicam esse maniqueísmo em casos práticos da vida, não necessariamente de forma proposital. O mesmo vale quando uma conhecida história é reformulada, repaginada, informam novas perspectivas. Boa parte desse são intolerantes com qualquer apontamento que fuja ao que julga ser verdade absoluta na vida real. Há casos que as obras dos escritores e roteirista são quase antagônicas a sua postura no mundo real.
A sociedade se tornou confusa, em todas as áreas, regiões, grupos sociais. Todos se contradizem de alguma forma, não toleram divergências de posicionamentos e tendem a ter muitas atitudes que não se adequam ao discurso. Em alguns casos essa disparidade é maior, em outras menor. Há situações involuntárias e outras por má intenção. Ninguém está isento desse erro, em maiores ou menores proporções.
Por isso é preciso entender que verdades absolutas são perigosas. Algumas delas formuladas não pelo nosso conhecimento, mas por nossa ignorância. Independentemente do grau de instrução. Embora importantes, formações acadêmicas e quantidade de material lido não necessariamente formam pessoas mais esclarecidas, pois o conhecimento, a sabedoria, a percepção vão além dessas formas de conhecimento.
Caso um indivíduo leia a vida inteira livros com uma única linha de pensamento, com eventuais variações mínimas, jamais saberá que existem autores que defendem outro ponto de vista. É possível se cegar mesmo se informando. Outro ponto, é que qualquer criador de conteúdo, por mais virtudes que possua, também está preso às suas limitações, e é possivelmente vítima de elementos enganosos e distorcidos.
Para ficar claro, não estou desprezando nenhuma fonte de conhecimento, apenas defendendo que não necessariamente algumas delas sejam o suficiente para uma analise macro de qualquer situação ou até mesmo da vida. Basta analisar o número de pessoas com acesso à informação, bom grau de instrução, e que não conseguem enxergar de forma ampla. A superficialidade move a maior parte das análises e opiniões modernas, mesmo revestidas de aparentes reflexões e com a falácia de terem grandes embasamentos teóricos.
Se um único detalhe for omitido, toda a elaboração de ideia pode cair por terra. Um pequeno detalhe pode prejudicar toda uma tese, fazendo-a se sustentar em um ou mais pilares falsos. Em muitos casos, especialidades na área não encontram um consenso, mas logo aparecem pessoas, com domínio na área ou não, afirmando inúmeras verdades. Qualquer assunto pode ser manipulado, de forma proposital ou não, por pessoas simplesmente equivocadas ou por mal intencionadas.
Geralmente, não se analisa a informação com o cuidado que deveria. Extrai-se o que intensa, ou que deseja, para reforçar o que defende ou desconstruir o que se opõe.
Os pré-conceitos se fazem cada vez mais presentes, incluindo em muitos daqueles que se posicionam acidamente contra eles. Tudo que degrada o que se defende é chamado de 'Fakenews". Elas existem, mas não podem ganhar esse rótulo por agradar ou desagradar, mas pelo seu embasamento.
Não se trata de relativizar tudo, ou pregar que todos querem o melhor para o mundo de sua maneira. Pois acredito que nem tudo é relativo, e que nem todos querem o bem do próximo, ou em algumas vezes, mesmo que queriam, estão em caminhos ao contrário do seu desejo. Contudo, é preciso entender que nossa percepção sobre a verdade é falha, mesmo que essa em essência, não seja.
Como escritor, acredito que meu grande desafio é escrever de forma que se torne acessível para pessoas das mais diferentes condições e características. Que motivem os mais diferentes indivíduos a lerem ou se interessarem pela temática. Não se agrada a todos, mas conseguir comunicação com os diversos. O ser humano, por maior que seja sua diferença com relação a outro, possui fragmentos em comum. Muitas das sensações e sentimentos são universais. Mesmo que codificadas de forma diferente. É escrever pensando em todos, em que qualquer ser humano possa ser o seu leitor, e não simplesmente se direcionar a uma bolha, grupos que compartilham as mesmas ideias e moldando as opiniões para agradá-los e/ou atraí-los.
Se tenho como objetivo tocar a todas as camadas, dificuldade também em entendê-las. Infelizmente, muitas vezes, quando se alcança algum patamar que permite algum privilégio, acessos que nem todos terão, se afasta da realidade. Não estou generalizando, mas é comum se fechar em uma bolha. O escritor deve enxergar a realidade das massas, mesmo que não desenvolva obras popularescas. Há situações que deve entender a prática, na linha de frente, e não apenas as teses científicas e literárias. É preciso entender o real, fugir do caricato ou especulativo.
A importância da leitura é sabida por todos, e como escritor desejo que as pessoas tenham o constante hábito de leitura. Mas é preciso equilibrar tudo que o conhecimento teórico - não necessariamente sendo ficcional ou até mesmo literário - com as vivências práticas, as situações reais, que abrangem a realidade de muitas pessoas. Entender que há fenômenos que não se resumem as explicações lógicas e contextos que não podem ser rotulados ou mesmo agrupados por conhecimentos adquiridos ou experiências de situações anteriores.
Compreender que pessoas com vasto conhecimento em determinadas áreas, não necessariamente estão capacitadas como se imagina em outras circunstâncias.
Se torna menos alienado que entende as inúmeras possibilidade de mergulhar na ignorância. Há pessoas que nunca aprenderam a ler e entendem muito mais da vida do que vastos intelectuais, alguns deles até com notória fama, espaço na mídia e palestras de grande impacto. A leitura, ou outra forma de conhecimento, por mais apaixonante que seja, não necessariamente nos faz dar um passo adiante. Ou pelo menos, o passo pode não ser na direção correta.
Deixe um Comentário