A via alternativa - (Victor Garcia Preto)




Texto de Victor Garcia Preto

Eu repudio a via alternativa. Me desculpe, caso incomode. O sentido de 'via alternativa' da qual me refiro tem uma conotação específica. 


Não estou atacando as pessoas que se enquadram nesse grupo, mas sim o conceito. Trata-se de uma crítica às ideias, não aos indivíduos. Conjunto de pensamentos, posturas e atitudes das quais, particularmente, acho perigoso. Imagino que as linhas abaixo sirvam para discutir os assuntos, de modo amplo, sem me referir a uma situação específica.


Defino especificamente para esse texto "via alternativa" a ideia de sempre se colocar entre opostos, ou entre conceitos estabelecidos, não por uma ação natural, mas por uma fixação em passar a imagem de alguém diferente


Não se trata de um individuo neutro, e sim quem despreza os conceitos estabelecidos para criar o seu próprio, muitas vezes com a roupagem de estar aquém do padrão, mas seguindo outro, de forma clara ou velada. 


De certa forma o termo "isentão" se aplica a essas pessoas, mas a ideia vai muito além do sentido e contexto em que o termo costuma ser empregado.
Se trata daqueles que querem se mostrar originais, mas estão tão alienados em coletivismos como qualquer outra pessoa. 


A principal diferença está na embalagem, os produtos estão presentes na mesma categoria, podem ter formato ou algum ingrediente diferente. Na prática, não são diferentes do que abominam.


Essa via, não se trata do caminho do meio, pois particularmente defendo ponderações. Não creio que radicalismos e extremismos sejam saudáveis, porém, não se trata dessa questão na crítica abordada. Tão pouco, a crítica está nas pessoas que não se importam com os padrões e querem seguir suas convicções. Não se trata de pensar por si só. Essa "via alternativa" até propaga esse conceito, mas como já mencionado, é apenas propaganda.
Se colocam como "fora da caixa", mas não conseguem, no máximo estão em outra caixa. Mas dentro de uma.


Essa via não quer estar entre o meio termo de quente e frio, não é morno. Não quer ser nem quente, nem frio, nem morno. Não deseja ser nada e ser tudo ao mesmo tempo, não se coloca em nenhum grupo, porém, quando conveniente usufrui apenas os pontos positivos de cada elemento, grupo e ideias. O melhor do quente, o melhor do frio e do morno. Criticam todas as vias, menos a sua, não olham para seu próprio umbigo.


Algumas vezes parecem ter conhecimento sobre tudo, respostas sobre todas as dúvidas da humanidade. Sabem mais sobre qualquer profissional, dominam assuntos com maior capacidade que próprios profissionais das áreas. Possuem respostas exatas para questões em que os próprios especialistas divergem. Ridicularizam supostas teorias da conspiração quando convém, mas acreditam e criam outras.


Vias alternativas não se manifestam em momentos decisivos, ou se fazem, é de modo muito sútil, quase imperceptível. Gostam de apontar os erros, mas não costumam ter soluções, e quando as apresentam, são teóricas, dificilmente aplicadas em um mundo real.


É uma via que não almeja ser vivo ou morto. Quer sempre flutuar entre as posições. Se mostram superiores e incompreendidos. Na prática, são inimigos de todos, até de si mesmo.
Parte dos "membros" desse grupo, é oportunista, seja por interesses ocultos ou pelo simples desejo de aceitação ou agradar alguém.


Atualmente boa parte dos que se apresentam como filósofos e/ou intelectuais adota esse conceito. Dominam todas as questões da vida, e erram miseravelmente no básico.


Não se trata de rotular ou criar agrupamentos superficiais, é entender, que gostando ou não, todos nós sempre temos algum posicionamento, tendemos mais a um lado que a outro. 


Ninguém que gosta de futebol pode se dizer imune a torcer para um time. Todos torcem, pode até não ser um time entre os mais populares, pode ser ponderado e buscar ser imparcial apesar de tudo, contudo, é de desconfiar quando se diz superior a essas emoções.


Não acredito em ninguém que se diz fora do sistema. É possível que alguns indivíduos não sejam corrompidos por ele, mas todos estamos inseridos.


Ninguém é obrigado a escolher um lado, a se manifestar sobre tudo. Não se deve ser precipitado ou analisar certas questões como se fosse parte da torcida de um time. Nesse texto, não se trata de defender um maniqueísmo, dualidades. 


Nem tudo é oito ou oitenta, preto no branco. Contudo, é preciso entender que aqueles que costumam se posicionar como superiores a determinadas questões podem estar simplesmente enganando a todos, inclusive a si mesmas. O ego, a aceitação, e as própria mesquinhez humana leva a essas situações.


Quando alguém é isento ou alternativo demais, me deixa receoso, por experiências passadas.

Pense por si mesmo, seja independente, mas não faça disso uma bandeira para sustentar interesses.



Sobre o Autor: 
Victor Garcia Preto   
Formado em Ciências Contábeis. 29 anos, Resido Ribeirão Preto.  Tenho um perfil de textos no Instagram: @textosinceros. Segue lá.

              



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